Cientistas brasileiros revelam a descoberta de um buraco negro ultramassivo e raro

Cientistas brasileiros revelam a descoberta de um buraco negro ultramassivo e raro

Uma nova e intrigante descoberta no campo da astrofísica está chamando a atenção da comunidade científica: um buraco negro ultramassivo foi identificado em um sistema de galáxias localizado a impressionantes 5 bilhões de anos-luz da Terra. Esta notável descoberta foi realizada por uma equipe de pesquisadores sob a liderança de Carlos Melo-Carneiro, doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Carlos Melo-Carneiro está atualmente em seu último ano de doutorado em Astrofísica na UFRGS e dedica seus esforços ao estudo da massa das galáxias. Em uma entrevista, ele comentou sobre os desafios desse trabalho: “Como não é possível simplesmente ‘colocar uma galáxia em uma balança’, precisamos usar métodos indiretos e criativos para estimar a massa desses objetos gigantescos”.

Métodos de Estudo

Para investigar a massa das galáxias, Melo-Carneiro utiliza duas abordagens principais:

  • A primeira envolve a análise do movimento das estrelas dentro da galáxia em questão, um parâmetro que está diretamente relacionado à massa.

As lentes gravitacionais ocorrem quando dois objetos cósmicos estão alinhados do ponto de vista do observador, com o objeto mais próximo possuindo uma massa significativa. “Devido à sua enorme massa, o objeto mais próximo curva o caminho da luz emitida pelo objeto mais distante, fazendo com que essa luz chegue até nós de forma distorcida”, explicou Melo-Carneiro.

Esse efeito é fundamental, pois, ao analisar a distorção da luz, os pesquisadores podem estimar a massa do objeto, já que a intensidade da distorção é proporcional à massa. Foi através de uma lente gravitacional que a equipe conseguiu identificar a presença do buraco negro supermassivo no sistema de galáxias.

Descoberta da Ferradura Cósmica

A descoberta do sistema de galáxias, batizado de Ferradura Cósmica, remonta a 2007. A galáxia em primeiro plano, designada como LRG 3-757, revelou-se tão massiva que distorceu a imagem da galáxia ao fundo, cuja luz teve que viajar bilhões de anos para alcançar a Terra. A pesquisa revelou que o buraco negro ultramassivo se localiza em LRG 3-757, que possui uma massa equivalente a 100 vezes a da nossa Via Láctea.

O buraco negro em questão apresenta uma massa impressionante de 36 bilhões de vezes a massa do Sol, que é de aproximadamente 1.989 × 1030 kg. “Isso não significa que ele ocupe um espaço proporcionalmente maior”, enfatizou Melo-Carneiro. No entanto, ele é classificado como ultramassivo, um termo que começou a ser utilizado para descrever buracos negros com uma massa de pelo menos 10 bilhões de massas solares.

Implicações da Descoberta

Ainda que existam poucos buracos negros dessa magnitude conhecidos, observações anteriores já revelaram comportamentos interessantes associados a eles. Um dos fenômenos observados é a correlação entre a dispersão de velocidades das estrelas de uma galáxia e a presença de buracos negros supermassivos, o que pode ajudar a determinar a massa da galáxia em questão.

Contudo, segundo Melo-Carneiro, os buracos negros ultramassivos parecem desafiar essa regra, já que suas massas são muito superiores ao que seria esperado com base na dispersão de velocidade das estrelas. Essa descoberta não só amplia nosso entendimento sobre a formação e evolução das galáxias, mas também promete abrir novas avenidas de pesquisa no campo da astrofísica.