O asteroide Bennu se destacou recentemente em uma conferência da NASA, onde cientistas anunciaram que ele contém ingredientes fundamentais para a vida como conhecemos. Entre os achados estão minerais e aminoácidos, que são os blocos de construção do DNA. Essa descoberta é fruto das análises das amostras coletadas pela missão OSIRIS-REx.
Na pesquisa, foram identificados 14 dos 20 aminoácidos essenciais para a formação de proteínas necessárias à vida. Além disso, os cientistas observaram uma alta concentração de amônia e cinco nucleotídeos que são cruciais para a transmissão das instruções genéticas presentes no DNA e no RNA.
Possibilidades para a Vida em Outros Mundos
Nicky Fox, administrador associado da NASA, comentou sobre as implicações dessas descobertas: “As evidências não indicam a presença de vida, mas sugerem que as condições necessárias para o surgimento da vida estavam possivelmente distribuídas pelo Sistema Solar primordial”. Ele complementou, afirmando que isso “aumenta as chances de que a vida possa ter se desenvolvido em outros planetas”.
Água e Minerais: Indícios de um Passado Úmido
Além dos compostos orgânicos, os pesquisadores também descobriram uma quantidade significativa de minerais e sais no asteroide, sugerindo que Bennu teve água em algum momento de sua história. Alguns desses compostos já haviam sido encontrados em meteoritos que caíram na Terra, mas muitos deles são inéditos. Sara Russell, do Museu de História Natural de Londres, expressou sua empolgação: “Ele está repleto desses minerais que não encontramos antes em meteoritos, e a combinação deles é inédita. Tem sido muito interessante estudar esses elementos”.
Reflexões sobre a Origem da Vida
As novas informações levantaram questões intrigantes: se Bennu possui todos os ingredientes necessários para a vida, por que a vida não surgiu ali? Jason Dworkin, cientista de projeto da OSIRIS-REx, levantou essa indagação, questionando por que a Terra se destacou como um planeta capaz de gerar vida.
Importante ressaltar que alguns dos 20 aminoácidos essenciais já haviam sido encontrados nas amostras do asteroide Ryugu, coletadas pela agência espacial japonesa JAXA. Danny Glavin, cientista sênior da NASA, destacou a importância dessa nova pesquisa: “Agora temos maior confiança de que os materiais orgânicos que identificamos são realmente extraterrestres e não resultam de contaminação. Podemos confiar nesses resultados”.
O Legado da Missão OSIRIS-REx
Tim McCoy, curador da coleção de meteoritos no museu e coautor de um dos estudos, afirmou que as amostras de Bennu terão um impacto significativo em pesquisas nas próximas décadas. Ele destacou a relevância da missão: “Esse é o tipo de descoberta que você espera fazer em uma missão. Encontramos algo que não esperávamos, e essa é a melhor recompensa para qualquer tipo de exploração”.
Os resultados do estudo foram publicados nas renomadas revistas Nature e Nature Astronomy, confirmando o potencial revolucionário das descobertas realizadas pela missão OSIRIS-REx.
"Esse é o tipo de descoberta que você espera fazer em uma missão”, diz Tim McCoy.