Um novo estudo realizado por professoras da University of Southern California, nos Estados Unidos, revelou que moradores de áreas que enfrentam mais dias de calor extremo tendem a envelhecer mais rapidamente em comparação com aqueles que vivem em regiões mais amenas. A pesquisa, publicada na última quarta-feira (26) na revista científica Science Advances, analisou amostras de sangue de 3.600 pessoas com 56 anos ou mais ao longo de seis anos.
Os cientistas focaram na busca por alterações epigenéticas, que são modificações na sequência de DNA que permanecem durante as divisões celulares. Este tipo de alteração pode estar ligado ao envelhecimento biológico, fornecendo um panorama sobre como fatores ambientais, como o calor extremo, impactam a saúde humana.
Mesmo após considerar variáveis como estilo de vida, nível de atividade física, e consumo de álcool e tabaco, os pesquisadores ainda identificaram uma correlação significativa entre o envelhecimento biológico e a exposição ao calor intenso. Segundo dados do serviço meteorológico norte-americano, os níveis de calor são categorizados de acordo com o risco potencial à saúde:
- Entre 26°C e 32°C: alerta de "cuidado";
- Entre 33°C e 39°C: alerta de "Cuidado Extremo";
- Acima de 40°C: alerta de "Perigo".
A professora Jennifer Ailshire, uma das autoras do estudo, comentou que "participantes que vivem em áreas onde os dias de calor são classificados como 'Cuidado Extremo' ou em níveis mais altos (≥32°C) envelheceram até 14 meses a mais em comparação com aqueles que residem em locais com menos de 10 dias de calor por ano".
Desigualdade Climática
Em um contexto de desigualdade climática, outra pesquisa realizada por acadêmicos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em outubro de 2024, observou uma diferença de temperatura de 8°C entre duas regiões da capital paulista: Morumbi e Paraisópolis. Em um mesmo dia, Paraisópolis apresentou temperaturas significativamente mais elevadas, além de uma diferença de sensação térmica, que pode alcançar até 9°C.
Os pesquisadores da University of Southern California estão agora focados em identificar outros fatores que podem aumentar a vulnerabilidade ao envelhecimento biológico relacionado ao calor, além de como esses fatores se conectam a resultados clínicos. O objetivo é que as descobertas do estudo sirvam como base para o desenvolvimento de novas políticas públicas, visando a mitigação do calor por meio da modernização da infraestrutura urbana. Entre as sugestões estão a construção de abrigos em pontos de ônibus e o plantio de mais árvores.
Este estudo não apenas amplia a compreensão sobre os efeitos do calor extremo na saúde, mas também destaca a urgência de ações que promovam a equidade climática em áreas urbanas.