Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) estão explorando novas possibilidades para combater o câncer e, em uma descoberta promissora, sugeriram que as células de gordura podem ter o potencial de "matar de fome" as células cancerígenas. Os detalhes dessa pesquisa foram publicados na revista Nature Biotechnology na última terça-feira, dia 4.
A pesquisa foca em células de gordura bege que foram geneticamente modificadas para imitar o comportamento das células de gordura marrom, que são menos abundantes no corpo humano, mas possuem a capacidade de esgotar os nutrientes essenciais para o crescimento tumoral. Essas células reprogramadas foram aprimoradas para atacar especificamente os nutrientes que certos tumores necessitam para se desenvolver.
Durante os experimentos realizados com camundongos, as células de gordura modificadas demonstraram eficácia ao inibir o crescimento tumoral, consumindo os nutrientes dos quais os tumores dependiam. Os cientistas da UCSF relataram que pelo menos cinco tipos de câncer foram neutralizados, incluindo:
- Câncer de cólon
- Câncer de próstata
- Câncer de pâncreas
- Duas variantes do câncer de mama
"Em resumo, nossos resultados fornecem evidências preliminares para uma abordagem terapêutica do câncer, denominada transplante de manipulação adiposa, que pode ser desenvolvida e personalizada para tipos específicos de câncer e pacientes", afirmaram os autores do estudo.
Os pesquisadores também observaram que as células reprogramadas continuaram a funcionar mesmo quando estavam localizadas a certa distância dos tumores, o que abre novas possibilidades para a terapia.
Embora os resultados sejam encorajadores, os cientistas ressaltam a necessidade de mais estudos para confirmar se essas células de gordura podem realmente ser utilizadas em tratamentos clínicos contra o câncer. Uma notícia positiva é que existem métodos já estabelecidos para a remoção de gordura corporal, que poderiam ser utilizados para esse fim.
Após a remoção, as células de gordura podem ser manipuladas em laboratório utilizando a tecnologia de edição genética CRISPR, transformando células de gordura brancas em células de gordura bege com as propriedades das células marrons. Uma vez modificadas, essas células seriam reinseridas no organismo do paciente para dar início à terapia celular.
Além das aplicações no combate ao câncer, os cientistas da UCSF acreditam que as células de gordura modificadas podem ser utilizadas para outras finalidades, como monitorar os níveis de glicose no sangue ou absorver o excesso de ferro. Nesse caso, seria necessário programá-las de acordo com as necessidades específicas.