Você já imaginou que, além das plantas, existem animais capazes de realizar fotossíntese? Um exemplo intrigante é a ovelha-folha, conhecida também como ovelha-do-mar. Este curioso tipo de lesma marinha hermafrodita, que possui uma aparência que lembra chifres e olhos escuros, se movimenta tranquilamente nas águas asiáticas.
O nome científico dessa fascinante criatura é Costasiella kuroshimae, uma homenagem ao local onde foi inicialmente descoberta. As ovelhas-folha são bastante pequenas, atingindo até 8 milímetros na fase adulta, e passam toda a sua vida sobre algas do gênero Avrainellea, que são sua principal fonte de alimento. Vamos explorar algumas das características mais interessantes dessa pequena lesma-do-mar?
1. Fotossíntese não é uma Habilidade Inata
Embora as ovelhas-folha sejam animais que realizam fotossíntese, essa capacidade não é algo que elas possuem “de nascença”. Em vez disso, esse processo biológico é o que podemos chamar de uma habilidade “terceirizada”. Sua camuflagem eficaz, com apêndices em forma de folhas conhecidos como ceratas, ajuda nesse processo. Ao se alimentarem das algas em que vivem, essas lesmas conseguem energia, mas com uma peculiaridade: elas conseguem evitar a digestão dos cloroplastos.
Os cloroplastos são as organelas responsáveis pela fotossíntese. Ao manter esses componentes em seus corpos, as ovelhas-folha os transportam até as ceratas, onde ocorre o processo de conversão de luz solar em energia, resultando em açúcares que servem como reserva energética. A coloração verde de seu corpo é, inclusive, proveniente desses cloroplastos. As ceratas também desempenham um papel crucial na respiração do animal.
2. Parentes Fotossintéticos
As ovelhas-folha não estão sozinhas nessa habilidade extraordinária. Outros membros do grupo Sacoglossa, do qual elas fazem parte, também têm a capacidade de ingerir tecido vegetal e manter os cloroplastos intactos em seus corpos, permitindo que esses componentes realizem fotossíntese. Esse fenômeno é conhecido como cleptoplastia. Um exemplo notável de um parente fotossintético é a lebre-do-mar (Elysia chlorotica).
3. Descoberta Recente
As ovelhas-folha foram registradas pela primeira vez na ciência em 1993, quando foram avistadas no Japão, mais especificamente na ilha de Kuroshima. Desde então, esses animais foram encontrados em várias outras localidades, incluindo as Filipinas, Cingapura, Tailândia, Malásia, Indonésia, Papua Nova-Guiné, Ilhas Salomão e Timor Leste, tornando-se assim uma espécie tipicamente asiática.
Embora a espécie não seja considerada ameaçada, o aquecimento global e algumas práticas pesqueiras predatórias podem pôr em risco seu habitat, assim como ocorre com muitas outras espécies marinhas.
4. Visitação às Ovelhas-Folha
Se você deseja conhecer de perto esses fascinantes animais, há boas notícias! Devido à sua capacidade de realizar fotossíntese, as ovelhas-folha podem ser encontradas em profundidades que variam de nove a 18 metros, onde a luz solar ainda penetra. No entanto, um dos desafios é o seu tamanho diminuto, que torna necessário o auxílio de guias especializados para localizá-las.
Além disso, é fundamental ter cuidado durante os mergulhos para não danificar corais ou outras criaturas marinhas, a fim de preservar o habitat das ovelhas-folha. Como visitante, é sempre recomendável deixar o local tão limpo quanto você o encontrou, recolhendo qualquer lixo ou resíduos deixados para trás.
“A natureza nos ensina a importância de cuidar do nosso planeta e de suas criaturas.”