Uma descoberta fascinante está revolucionando a paleontologia nos Estados Unidos: fósseis de ovos de dinossauro com cerca de 100 milhões de anos foram encontrados na Formação Cedar Mountain, especificamente no Membro de Mussentuchit, em Utah. Este local é histórico, pois foi onde as primeiras cascas de ovos fossilizadas da Idade Cenomaniana foram descritas há 50 anos.
Até o momento, a pesquisa sobre a diversidade de ovos fósseis na região era limitada, com o foco restrito a um único táxon conhecido como Macroelongatoolithus carlylei. Contudo, a recente descoberta de 4.000 fragmentos coletados em 20 locais diferentes dentro do Membro Mussentuchit, aliada a tecnologias microscópicas avançadas, revelou uma variedade muito maior de ovos fossilizados.
Importância dos Ovos Fossilizados
Embora os ovos fossilizados possam parecer menos emocionantes do que os restos de dinossauros, eles desempenham um papel crucial na compreensão da biodiversidade desses grandes répteis extintos, especialmente em casos onde não há restos dos animais que os colocaram. Para categorizar esses ovos, os cientistas avaliam características das superfícies, como:
- Grossura da casca
- Microestrutura interna
- Sistemas de poros
Para a identificação dos ovos, foram empregadas análises microscópicas, incluindo a utilização de microscopia de elétrons para detalhes mais precisos. De acordo com o biólogo Josh Hedge, em entrevista ao site IFLScience, o desafio reside no fato de que a identificação baseada apenas na casca é complexa. Quando possível, os cientistas utilizam outros achados relacionados, como ossos, ovos inteiros, ninhos ou até embriões dos dinossauros que geraram os ovos.
Na ausência de evidências adicionais, as cascas são comparadas com ovos já conhecidos. Embora seja possível identificar o grupo de dinossauro responsável pela postura dos ovos, determinar a espécie exata é uma tarefa desafiadora.
Diversidade Revelada
Graças a esse trabalho meticuloso, os pesquisadores identificaram pelo menos seis tipos distintos de ovos fossilizados (ou ootaxa) com 100 milhões de anos. Estes tipos são definidos pelas características dos ovos em si e não pela espécie que os colocou. Entre as descobertas, três dos ovos pertencem ao oogêneroElongatoolithidae, que inclui:
- Macroelongatoolithus
- Undulatoolithus
- Continuoolithus
Além desses, dois outros tipos são classificados como Spheroolithus, associados a ornitópodes, grandes dinossauros herbívoros, e um último tipo, Mycomorphoolithus kohringi, que pertence a um réptil crocodilomorfo, uma categoria distinta dos dinossauros.
Esta é a primeira vez que várias dessas categorias de ovos fossilizados são encontradas na América do Norte, incluindo o tipo crocodilomorfo, que antes só havia sido documentado na Europa. Essa descoberta também representa a primeira evidência de que vários oviraptores coexistiram em uma mesma área, sugerindo que esses dinossauros eram mais diversos e espalhados do que se pensava anteriormente.
Até então, a visão predominante entre os cientistas era a de que apenas um único tipo de dinossauro habitava cada ecossistema, uma ideia que vem sendo desafiada por descobertas como esta.
Pelo menos três oviraptores de tamanhos diferentes foram identificados como responsáveis pela postura de ovos neste ecossistema, indicando uma complexidade maior na interação entre as espécies que habitavam a região.