No vasto Oceano Pacífico, uma equipe internacional de biólogos fez uma descoberta surpreendente: mais de 50 novas espécies de animais foram identificadas em regiões afetadas por vazamentos de metano. Entre as criaturas encontradas, destacam-se polvos minúsculos, além de uma diversidade de outras formas de vida marinha. Essa pesquisa inovadora foi possível graças à coleta e análise de dados provenientes de mais de 60 mergulhos realizados nas profundezas do mar, próximos à Costa Rica.
A quantidade de espécies desconhecidas encontrada pelos pesquisadores surpreendeu a comunidade científica, especialmente devido à rica diversidade de fauna resultante das infiltrações de metano, que alteram significativamente o ecossistema local. Estima-se que o número total de espécies possa superar 350, embora essa afirmação ainda precise de validação adicional.
Espécies Descobertas
Entre os novos habitantes das áreas marinhas onde ocorrem vazamentos de metano na América Central, estão:
- Peixes
- Mariscos
- Caranguejos
- Vermes
- Lagostas atarracadas
- Mexilhões
- Moluscos
- Estrelas-do-mar
- Polvos minúsculos
De maneira geral, a maioria das novas espécies identificadas são invertebrados, o que ressalta a complexidade e a riqueza do ecossistema submarino.
Estudo Publicado
Os resultados dessa pesquisa foram publicados na renomada revista ZooKeys e envolveram a colaboração de 28 cientistas de diversas instituições, incluindo a Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) e a Universidade da Costa Rica. As expedições realizadas entre 2009 e 2019 permitiram que os pesquisadores mergulhassem a profundidades de até 3,6 km abaixo da superfície do mar.
Compreendendo os Vazamentos de Metano
Os vazamentos de metano no fundo do mar ocorrem quando esse gás, que se acumula em sedimentos submarinos, se libera na coluna d'água através de fissuras geológicas. Essa liberação geralmente é desencadeada por atividades de placas tectônicas, alterações na temperatura ou até mesmo pela perfuração do solo devido a atividades humanas.
Embora o metano seja um gás altamente poluente na atmosfera e contribua para o aquecimento global, sua presença no fundo do mar desempenha um papel crucial. Nesses ambientes, onde a luz solar não penetra, o metano e outros compostos inorgânicos, como o enxofre, servem como base para a vida, por meio de um processo conhecido como quimiossíntese.
Esses organismos raros, como algumas bactérias, utilizam a energia produzida em reações com produtos químicos inorgânicos para gerar compostos orgânicos, sustentando assim a vida e a cadeia alimentar local. Esse mecanismo é distinto do que ocorre na fotossíntese, que depende exclusivamente da luz solar e é predominante nas camadas mais superficiais dos oceanos.
Expedições e Coletas
Com base nesse cenário singular do fundo do mar da Costa Rica, os pesquisadores realizaram cinco expedições ao longo da última década, possibilitando um grande número de mergulhos com submersíveis. Esses mergulhos resultaram na coleta de espécimes, fotografias e amostras de DNA de diversas espécies marinhas.
No total, foram catalogadas 488 espécies que habitam áreas afetadas por vazamentos de metano. Desses, 131 já haviam sido descritas anteriormente, enquanto pelo menos 58 eram completamente novas para a ciência.
Essa pesquisa não apenas amplia nosso entendimento sobre a biodiversidade marinha, mas também ressalta a importância de proteger esses ecossistemas frágeis, que são de vital importância para a saúde do planeta.