A evolução das espécies é um fenômeno amplamente estudado e reconhecido pela ciência, sendo frequentemente influenciada por mudanças climáticas e ambientais. Contudo, um novo estudo apresenta uma ideia intrigante: a evolução em si poderia estar sujeita a um processo de adaptação, sugerindo uma verdadeira "evolução da evolução".
O conceito de “evolubilidade” é, no entanto, um tema controverso. Isso se deve à dificuldade de se medir efetivamente como um organismo está evoluindo. Organismos de todas as formas, desde microorganismos até mamíferos, adaptam-se ao seu ambiente de maneiras distintas e, muitas vezes, complexas.
Recentemente, observou-se como vírus, por exemplo, o da covid-19, se adaptaram para infectar humanos de maneira mais eficiente, assim como as superbactérias, que demonstram resistência a antibióticos. Mas, o que será que caracteriza a evolução de suas respectivas evoluções?
Como a Evolução Evolui
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan, liderados pelo biólogo evolucionário Luis Zaman, desenvolveu um estudo inovador utilizando programas de computador para explorar a evolução da seleção natural entre espécies. Para isso, eles criaram organismos virtuais que habitavam ambientes simulados, onde deveriam desenvolver estratégias únicas para a sobrevivência — em essência, fazer escolhas que excluiriam outras opções.
Nos experimentos, os cientistas projetaram dois ambientes virtuais distintos: em um deles, as frutinhas azuis eram nutritivas, enquanto as frutinhas vermelhas eram venenosas. No outro cenário, a situação se invertia, com as frutinhas vermelhas sendo benéficas e as azuis, letais. Em cada ambiente, apenas um tipo de fruta poderia evoluir por vez, não permitindo que ambos coexistissem.
Durante o estudo, os pesquisadores alteraram as condições dos ambientes várias vezes, forçando as formas de "vida" a se adaptarem constantemente às novas circunstâncias. Inicialmente, os organismos não conseguiram se adaptar quando as mudanças eram muito rápidas, falhando em evoluir em apenas uma geração. No entanto, após dezenas ou até centenas de gerações, a capacidade de adaptação aumentou e se estabilizou. Quando uma população atingia a evolubilidade, de acordo com Zaman, ela não se tornava extinta diante das evoluções subsequentes.
Os cientistas identificaram dois padrões fundamentais que contribuem para essa evolubilidade: altas taxas de mutação e um aumento contínuo de mutações benéficas ao longo do tempo. Em termos simples, isso significa que elevadas taxas de mutação oferecem aos organismos uma chance significativamente melhor de se adaptar a novas condições, uma vez que geram uma maior diversidade de indivíduos que podem sobreviver e se modificar.
Além disso, quanto mais mutações benéficas um organismo acumula ao longo do tempo, maior é sua capacidade de se adaptar a condições que seus ancestrais já enfrentaram no passado. Embora o estudo tenha utilizado organismos virtuais simples, como micróbios de rápida reprodução, os cientistas acreditam que as mesmas regras de evolução podem se aplicar a formas de vida mais complexas, como os mamíferos.
"A evolubilidade é um conceito que pode nos ajudar a entender melhor como os organismos se adaptam e sobrevivem em ambientes em constante mudança", afirma Zaman.