A decapitação e a exibição dos crânios como troféus parecem ter sido práticas comuns entre as comunidades da Idade do Ferro que habitavam o que hoje é a Espanha. Um novo estudo publicado no Journal of Archaeological Science lança luz sobre esse fenômeno enigmático, revelando as razões por trás dessas ações macabras.
Descobertas Arqueológicas em Puig Castellar e Ullastret
A pesquisa se baseou na análise de sete crânios encontrados nos sítios arqueológicos de Puig Castellar, nas proximidades de Barcelona, e de Ullastret, perto de Girona. Os cientistas descobriam que quatro desses crânios eram exibidos como “troféus de guerra” em áreas de grande visibilidade, o que facilitava sua observação pela população.
Além disso, a investigação revelou que três dos crânios pertenciam a indivíduos que não eram originários da comunidade local, enquanto apenas um parecia ter vivido na área de Puig Castellar. Essas conclusões foram alcançadas por meio de exames bioarqueológicos e análises comparativas de isótopos de plantas e animais, que ajudaram a determinar as origens geográficas dos restos mortais.
Práticas de Poder e Domínio
Com base nos dados coletados, os pesquisadores inferem que pelo menos três dos crânios pertenciam a prisioneiros de guerra. Todos eles eram homens que apresentavam diferenças culturais e sociais significativas em comparação aos habitantes da região. Assim, a prática de decapitação parece ter sido uma estratégia intencional para demonstrar poder e provocar temor entre os inimigos.
No que se refere aos crânios encontrados em Ullastret, dois deles pertenciam a moradores locais. Essas descobertas foram feitas em contextos domésticos, como antigas habitações, sugerindo que essas pessoas possuíam algum tipo de status ou influência dentro da comunidade. É possível que esses indivíduos fossem venerados e que seus restos mortais fossem exibidos como uma forma de homenagem à sua importância na sociedade.
Adicionalmente, especula-se que esses crânios pudessem pertencer a grupos familiares ou facções rivais que lutavam pelo controle da região. A dinâmica social da época pode ter levado a uma competição intensa por poder e reconhecimento.
O Mistério do Crânio Estrangeiro
O terceiro crânio encontrado em Ullastret era de um indivíduo estrangeiro e foi descoberto dentro de uma urna funerária. Os autores do estudo sugerem que esse crânio também pode ter sido exibido como um troféu, semelhante ao que ocorria em Puig Castellar, com o intuito de amedrontar potenciais adversários.
Essas novas descobertas não apenas esclarecem o mistério em torno da decapitação de crânios na Idade do Ferro na Espanha, mas também oferecem uma visão mais profunda das relações sociais, culturais e de poder que caracterizavam aquelas comunidades antigas.
