Fósseis de Anêmonas com 430 Milhões de Anos São Descobertos no Ceará

Fósseis de Anêmonas com 430 Milhões de Anos São Descobertos no Ceará

Um grupo de cientistas brasileiros fez uma descoberta notável ao encontrar fósseis de uma nova espécie de anêmonas-do-mar com mais de 400 milhões de anos no noroeste do Ceará. A espécie, denominada Arenactinia ipuensis, é um achado raro, uma vez que esses invertebrados marinhos são frequentemente difíceis de serem preservados devido à sua fragilidade.

Os fósseis foram localizados na Formação Ipu, que faz parte da Bacia do Parnaíba. Os pesquisadores estimaram que os vestígios estão espalhados por uma área superior a 135 km, abrangendo as cidades de Graça, Ipu, Pacujá, Cariré e Santana do Acaraú.

Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foram fundamentais para a realização deste projeto, que revelou importantes detalhes sobre essas anêmonas.

Fósseis de Anêmonas-do-Mar

Os cientistas realizaram análises detalhadas da anatomia interna e externa das anêmonas, seu estilo de vida e a relação com o substrato, além de comparações com organismos vivos e registros fósseis. Os autores do estudo afirmaram que essas análises permitiram identificá-las como tendo afinidade com as anêmonas-do-mar modernas, destacando as formas circulares e arredondadas encontradas nas rochas. Os resultados foram publicados na revista Earth History and Biodiversity.

É importante ressaltar que as primeiras estruturas que agora são oficialmente reconhecidas como fósseis foram descobertas na Bacia do Parnaíba em 2010. No entanto, a confirmação de sua verdadeira natureza levou anos de pesquisa e investigação. A recente análise finalmente esclareceu as dúvidas sobre esses achados arqueológicos.

Análises Avançadas

Durante o processo de estudo, os pesquisadores realizaram tomografias computadorizadas nos fósseis, o que possibilitou um detalhamento da estrutura interna, incluindo a presença de uma cavidade e impressões de músculos das anêmonas. A espécie Arenactinia ipuensis foi observada com tamanhos que podiam chegar até 14 cm.

Contexto Paleontológico

A equipe de pesquisa acredita que essas criaturas viveram no início do Siluriano, um período da era Paleozoica que ocorreu entre 444 milhões e 433 milhões de anos atrás. Nesse tempo, a fauna do Siluriano estava em processo de recuperação após um evento de extinção em massa que ocorreu no final do Ordoviciano.

Os cientistas estimam que, no fim do Ordoviciano, aproximadamente 57% dos gêneros e 25% das famílias de organismos marinhos desapareceram devido a uma combinação de fatores, como a diminuição da oxigenação dos oceanos, atividade vulcânica e grandes glaciações. Assim, os novos achados podem fornecer importantes informações sobre como a vida se adaptou e resistiu a mudanças tão drásticas, além de oferecer insights valiosos sobre as possíveis consequências da atual sexta grande extinção em massa.

"Essas descobertas não apenas ampliam nosso entendimento sobre a biodiversidade passada, mas também podem informar sobre os desafios que a vida marinha enfrenta atualmente", comentam os integrantes da equipe de pesquisa.