Uma nova pesquisa publicada na revista científica Science nesta quinta-feira (30) traz um alerta importante sobre os riscos de coçar irritações na pele. O estudo indica que esse hábito, frequentemente considerado um alívio temporário, pode agravar a inflamação e o inchaço das lesões. A única exceção, segundo os pesquisadores, é em um caso muito específico, onde coçar pode oferecer um benefício.
Os pesquisadores sustentam que o ato de coçar pode, em algumas circunstâncias, ser visto como um mecanismo de defesa da pele contra infecções bacterianas. No entanto, a maior parte das vezes, a coceira é causada por condições como a dermatite alérgica de contato, que é desencadeada por agentes irritantes como a hera venenosa e alguns metais, como o níquel. Essa condição resultante provoca erupções cutâneas que, além de causar coceira, ficam inchadas.
Experimento com Camundongos
Para investigar os efeitos da coceira, cientistas da Universidade de Pittsburgh conduziram um experimento com camundongos. O objetivo era avaliar o resultado de coçar a pele em resposta a alérgenos específicos aplicados nas orelhas dos animais. Foram utilizados dois tipos de camundongos: um grupo que sente coceira e outro que não sente, pois carece do neurônio sensível a esse estímulo.
Os resultados foram claros: quando os camundongos que podiam coçar foram autorizados a fazê-lo, suas orelhas apresentaram inchaço e um aumento significativo de células imunes inflamatórias. Em contraste, os camundongos que não possuem o neurônio sensor de coceira e aqueles que foram impedidos de coçar mostraram uma inflamação e inchaço reduzidos em comparação com o primeiro grupo. Esses achados confirmam que coçar realmente piora a condição da pele, exacerba a inflamação e retarda o processo de cura.
Benefícios Potenciais e Novas Pesquisas
Por outro lado, a coautora do estudo, Marlies Meisel, demonstrou em experimentos que coçar pode reduzir a quantidade da bactéria Staphylococcus aureus, que é a mais comum em infecções cutâneas. “A descoberta de que coçar melhora a defesa contra Staphylococcus aureus sugere que pode ser benéfico em alguns contextos. Contudo, o dano que coçar causa à pele provavelmente supera esse benefício quando a coceira é crônica”, afirmou Meisel em um comunicado à imprensa.
Com base nesses resultados, os pesquisadores estão agora explorando novas terapias para tratar a dermatite e outras doenças inflamatórias da pele, como rosácea e urticária.
