Paciente quebra recorde ao viver 60 dias com rim de porco transplantado

Paciente quebra recorde ao viver 60 dias com rim de porco transplantado

Nos Estados Unidos, a paciente Towana Looney, de 53 anos, acaba de fazer história ao se tornar a primeira pessoa a viver por mais de 60 dias com um rim de porco geneticamente modificado. De acordo com a equipe médica responsável, não há sinais de rejeição, o que representa um avanço significativo na área de transplantes de órgãos.

O cirurgião responsável pelo procedimento, Robert Montgomery, da NYU Langone Health, destacou que, se alguém visse Towana na rua, não teria como imaginar que ela é a única pessoa no mundo a ter um órgão de porco funcionando em seu corpo. “A função renal da paciente está absolutamente normal”, afirmou o médico, expressando otimismo quanto à continuidade do bom funcionamento do rim transplantado.

Transplante de órgãos de porco: um passo para o futuro

Os transplantes de órgãos entre espécies diferentes, conhecidos como xenotransplantes, ainda são uma prática emergente. Até o momento, apenas quatro pacientes nos EUA passaram por esse tipo de procedimento, envolvendo dois transplantes de coração e dois de rins de porcos. Towana Looney é a quarta pessoa a ingressar nesse restrito grupo.

Atualmente, esses transplantes são realizados sob um conceito chamado de “uso compassivo”, que permite a aplicação de técnicas experimentais em casos onde não existem alternativas eficazes. Isso significa que Towana foi autorizada a participar de um estudo clínico que visa investigar o uso de órgãos de porco em transplantes humanos.

Embora a técnica ainda esteja em fase experimental, alguns hospitais ao redor do mundo estão começando a se preparar para essa prática. No Brasil, centros médicos já se mobilizam, mas o primeiro xenotransplante ainda não ocorreu. O caso de Towana é um marco que pode contribuir para o aprendizado e desenvolvimento de futuras técnicas que salvem vidas.

História de superação e esperança

A trajetória de Towana Looney é marcada por desafios. Em 1999, ela doou um de seus rins para a mãe. Entretanto, ao longo dos anos, a saúde dela se deteriorou, levando a complicações que danificaram seu rim, uma ocorrência rara entre doadores. Após passar oito anos em diálise e enfrentando a impossibilidade de receber um transplante convencional, os médicos decidiram recrutá-la para o transplante do rim de porco, realizado no dia 25 de novembro.

Incrivelmente, apenas 11 dias após o procedimento, ela recebeu alta hospitalar, e desde então, sua condição tem apresentado uma evolução positiva. Este caso não apenas traz esperança para Towana, mas também para os milhares de pacientes que aguardam por um transplante.

Para ilustrar a urgência dessa situação, atualmente, cerca de 41,8 mil brasileiros estão na fila de espera por um transplante de rim, conforme dados do Ministério da Saúde, atualizados na última segunda-feira (27).

“Estamos bastante otimistas de que continuará a funcionar, e a funcionar bem, por um período de tempo significativo”, concluiu Robert Montgomery, referindo-se ao rim de porco transplantado para Towana.