Um grupo de ratos com dois pais machos, gerados em um laboratório, conseguiu sobreviver até a idade adulta, marcando um avanço significativo na pesquisa sobre reprodução assistida. Este experimento, conduzido por cientistas da Academia Chinesa de Ciências, foi anunciado na última terça-feira, dia 28.
Para criar esses ratos bipaternais, os pesquisadores desenvolveram um método inovador que envolveu o cultivo de células com DNA de esperma, permitindo a coleta de células-tronco. O foco do estudo estava na modificação de 20 genes de impressão, que são fundamentais para o desenvolvimento embrionário. As células editadas foram injetadas em óvulos que tiveram seus núcleos removidos, juntamente com espermatozoides, resultando em células embrionárias que continham o DNA de dois camundongos machos.
Após essa etapa, os cientistas introduziram as células embrionárias em uma “casca de embrião”, que forneceu os elementos necessários para a formação da placenta. Os embriões gerados foram então transferidos para os úteros de fêmeas, onde alguns se desenvolveram em filhotes viáveis, alcançando a fase adulta. No entanto, nem todos os embriões sobreviveram, pois alguns apresentaram defeitos de desenvolvimento e morreram.
Entre os ratos que não tinham mãe biológica e que sobreviveram até a idade adulta, muitos mostraram problemas relacionados ao crescimento e apresentaram uma expectativa de vida mais curta em comparação com os camundongos convencionais. Além disso, esses indivíduos eram inférteis, conforme as descobertas que foram publicadas na renomada revista científica Cell Stem Cell.
Esse processo, conhecido como impressão genômica, já havia sido tentado anteriormente pela mesma equipe de pesquisadores. Em uma pesquisa anterior, eles editaram sete pontos de impressão no genoma, resultando em fetos de ratos que sobreviviam à gestação, mas que morriam logo após o nascimento, apresentando anomalias como línguas salientes, hérnias umbilicais e órgãos internos aumentados.
Com a identificação das origens genéticas dessas anormalidades, os cientistas foram capazes de realizar os ajustes necessários para melhorar os resultados. O coautor do estudo, Zhi-kun Li, destacou em uma entrevista: “Nossos próximos passos incluem refinar a abordagem de edição genética para produzir animais bipaternais mais saudáveis”.
Os cientistas acreditam que, com mais ajustes no processo, será possível eliminar os problemas de saúde que ainda persistem. Além disso, há interesse em testar essa abordagem em outras espécies, embora, por enquanto, não existam planos para envolver humanos nos experimentos, já que é fundamental entender melhor os riscos e benefícios envolvidos.