Uma das grandes preocupações entre os cientistas climáticos é a possibilidade de colapso da corrente do Oceano Atlântico nas próximas décadas. Essa ameaça pode ser intensificada pelas mudanças climáticas, que são impulsionadas pela poluição e pelo uso excessivo de combustíveis fósseis. Essa não é uma suposição sem fundamento; diversos estudos já sinalizam uma desaceleração das correntes na região.
O sistema de circulação oceânica no Atlântico desempenha um papel crucial ao transportar água quente para o norte e água fria para o sul, um processo essencial para a manutenção da estabilidade dos padrões climáticos globais. Essa dinâmica, conhecida como Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), pode ser significativamente afetada pelas mudanças climáticas decorrentes da ação humana.
Se o colapso da AMOC realmente ocorrer, as consequências para o clima global podem ser severas, resultando em uma série de desequilíbrios ambientais.
Entre os possíveis impactos, destacam-se:
- Alterações nos padrões de chuva, afetando bilhões de pessoas ao redor do mundo;
- Resfriamento acentuado em várias regiões da Europa;
- Elevação do nível do mar ao longo da costa leste dos Estados Unidos;
- Desencadeamento de fenômenos climáticos extremos.
Um estudo publicado na revista científica Nature por pesquisadores do Met Office e da Universidade de Exeter, ambos na Inglaterra, utilizou dados sobre as mudanças climáticas para criar simulações computacionais. O objetivo era analisar as repercussões que um eventual colapso da AMOC poderia ter ainda neste século.
Os resultados apontam que as transformações decorrentes desse colapso seriam tão drásticas quanto os cenários apresentados em filmes de ficção científica, podendo até resultar em um resfriamento extremo. Não é por acaso que os pesquisadores se empenham em compreender as possíveis condições da Terra até 2100.
Esse não é o primeiro estudo sobre o tema; em 2023, outra pesquisa já indicava que a AMOC poderia entrar em colapso ainda neste século, possivelmente até 2025. A instabilidade dessa corrente tem sido uma preocupação constante entre os cientistas, especialmente em meio à crescente crise climática.
“A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), que é essencial para o transporte de calor para o norte no Oceano Atlântico, deve enfraquecer em decorrência do aquecimento global, trazendo impactos climáticos significativos em todo o mundo. No entanto, a extensão desse enfraquecimento é incerta, variando amplamente entre os modelos climáticos. Além disso, alguns indicadores estatísticos sugerem um colapso iminente”, descreve a introdução do estudo.
Para avaliar o impacto potencial do colapso da AMOC, os cientistas envolvidos no estudo realizaram simulações com 34 modelos computacionais. As simulações consideraram cenários que vão desde condições climáticas extremas, impulsionadas pelas mudanças climáticas, até situações que refletem o estado atual da circulação oceânica.
Embora o aquecimento global possa acelerar esse processo, especialistas ressaltam que colapsos da AMOC não são fenômenos inéditos, tendo ocorrido em outras épocas há milhares de anos.
Dentre as 34 simulações realizadas, nenhuma indicou um colapso da AMOC antes do final deste século. No entanto, os cientistas acreditam que o cenário mais catastrófico ainda pode se concretizar após 2100, levando a um quadro de instabilidade climática sem precedentes.