Cientistas da missão Juno, da NASA, estão em estado de choque após a descoberta de um evento vulcânico sem precedentes na lua Io, considerada o corpo celeste mais vulcanicamente ativo de todo o Sistema Solar. Dados coletados pela sonda revelaram um ponto quente vulcânico no hemisfério sul de Io, que se destaca por ser maior do que o maior lago da Terra e por apresentar uma energia seis vezes superior à soma de todas as usinas energéticas do planeta.
O principal investigador da missão, Scott Bolton, comentou sobre a importância das descobertas recentes: “A Juno já realizou dois sobrevoos bastante próximos de Io durante sua missão estendida; o mais recente ocorreu em 27 de dezembro. Os dados desse último sobrevoo, que foi o mais distante, realmente nos surpreenderam. Este é o evento vulcânico mais poderoso já registrado no mundo mais vulcânico do Sistema Solar, ou seja, isso realmente significa algo”, declarou ele em um comunicado oficial da NASA.
No sobrevoo, a sonda estava a aproximadamente 74 mil km da superfície de Io e utilizou seu instrumento de infravermelho para examinar a superfície da lua. Alessandro Mura, coinvestigador da missão, detalhou: “O [instrumento] JIRAM detectou um evento de radiação infravermelha extrema — um ponto quente massivo — no hemisfério sul de Io, tão forte que saturou nosso detector.”
O mais impressionante é que a equipe da missão possui indícios de que o instrumento registrou vários pontos quentes individuais, que estavam próximos e emite calor simultaneamente. Esses dados sugerem a existência de um vasto sistema de câmaras de magma abaixo da superfície de Io. “Os dados indicam que esta é a erupção vulcânica mais intensa já registrada em Io”, acrescentou Mura.
Os cientistas estimam que a estrutura relacionada à erupção, que ainda não possui um nome definido, se estenda por cerca de 100 mil quilômetros quadrados. Para se ter uma ideia da magnitude, o Lago Superior, o maior lago da Terra, tem uma área de 82 mil quilômetros quadrados. Além disso, a erupção liberou uma impressionante quantidade de energia, superior a 80 trilhões de watts. Anteriormente, outras grandes erupções em Io deixaram marcas visíveis, como fluxos de lava e depósitos piroclásticos, e é provável que esta erupção também deixe vestígios semelhantes.
O próximo sobrevoo programado pela sonda Juno está agendado para o dia 3 de março, quando a equipe tentará observar o local novamente em busca de possíveis alterações que possam ter ocorrido na área. “Embora seja sempre fascinante testemunhar eventos que reescrevem os livros de registros, este novo ponto quente pode trazer ainda mais contribuições”, concluiu Bolton. “Essa característica intrigante pode aprimorar nossa compreensão do vulcanismo, não apenas em Io, mas também em outros mundos”, finalizou.
“Esse novo ponto quente pode fazer muito mais.” — Scott Bolton
