O Fenômeno dos Jogos Shovelware: Compreendendo esse Fenômeno na Indústria dos Games

O Fenômeno dos Jogos Shovelware: Compreendendo esse Fenômeno na Indústria dos Games

Nos últimos anos, a presença de jogos shovelware tem se expandido significativamente nas lojas digitais, levantando uma série de questionamentos sobre suas características e a razão pela qual esses títulos acabam sendo disponibilizados em plataformas renomadas, como Steam, PS Store, Nintendo eShop e a Loja Xbox.

De forma simplificada, jogos shovelware são facilmente identificáveis por sua baixa qualidade e pela produção feita com orçamentos extremamente limitados. Você já deve ter encontrado títulos que consistem em simulações de encontros com garotas em estilo animê ou em simuladores que apresentam uma jogabilidade quase inexistente. Esses são os exemplos clássicos do que se considera shovelware.

O termo shovelware provém da fusão das palavras “shovel” (pá) e “software”. Essa nomenclatura ilustra a prática de estúdios que, ao identificarem um tema ou experiência de sucesso, adicionam seus próprios elementos de forma apressada e desleixada, como se estivessem cavando conteúdo sem a devida atenção à qualidade.

Em muitos casos, esses jogos fazem uso de artes e elementos gerados por inteligência artificial, e, em outras situações, apresentam personagens ou nomes que se assemelham a grandes lançamentos, com o intuito de atrair jogadores desatentos. A maioria desses títulos pode ser completada em cerca de uma hora ou menos, proporcionando uma quantidade generosa de troféus ou conquistas que são adicionados ao perfil do jogador.

Além disso, algumas plataformas, como PSN e Xbox Live, implementam sistemas de níveis que refletem a pontuação dos usuários, promovendo uma competição saudável entre amigos. Contudo, essa dinâmica é impactada negativamente pelos jogos shovelware, pois a facilidade e rapidez necessárias para completar esses títulos permitem que alguns jogadores superem outros na busca por conquistas, comprometendo a integridade dessa “disputa”.

Origem dos Jogos Shovelware

Os jogos shovelware não são um fenômeno recente na indústria de games; sua presença remonta à década de 1990. Em 1993, a revista Computer Gaming World utilizou o termo para descrever CD-ROMs que continham uma vasta quantidade de títulos compilados pela The Software Toolworks e Access Software.

“Eles são na maior parte medíocres, mesmo os melhores”, afirmou a publicação.

No ano seguinte, 1994, a mesma revista caracterizou os jogos shovelware como “programas velhos e/ou fracos escavados e colocados em um CD para ganhar dinheiro rápido”. Para entender melhor o contexto histórico, vale lembrar que um CD-ROM possuía uma capacidade de armazenamento de 450 a 700 vezes maior do que os disquetes, além de ser de 6 a 16 vezes mais eficiente que os antigos HDs de computadores da época. Com isso, muitos usuários não teriam espaço suficiente para instalar todo o conteúdo disponível.

Consequentemente, os produtores optaram por preencher os CDs com a maior quantidade de conteúdo possível, priorizando a quantidade em detrimento da qualidade. Esse fenômeno também se manifestou no Brasil: muitos que viveram sua infância na década de 90 certamente se lembram das revistas que prometiam 500, 1.000 ou até mais jogos “completos” nas bancas de jornal.

Embora o uso de jogos shovelware em PCs tenha diminuído, sua presença persiste em diversas plataformas digitais, gerando discussões sobre a qualidade e a integridade dos conteúdos oferecidos aos jogadores.