DeepSeek e a Censura: Como a IA Chinesa Responde a Questões Sensíveis

DeepSeek e a Censura: Como a IA Chinesa Responde a Questões Sensíveis

As inteligências artificiais generativas, como o DeepSeek, estão em franca ascensão, mas sua confiabilidade ainda suscita questionamentos. As alucinações, por exemplo, não são o único fator que pode comprometer a integridade das informações apresentadas. Recentemente, ficou evidente que este chatbot, de origem chinesa, impõe limitações em suas respostas, refletindo a censura vigente no país.

Conforme apurado, o DeepSeek precisa obedecer a uma série de normas legais que regem a circulação de informações na China, especialmente em temas que podem ser considerados sensíveis pelo governo. O conglomerado de notícias Bloomberg e o portal TecMundo investigaram essa autocensura e revelaram como o chatbot se comporta diante de perguntas sobre eventos históricos controversos.

Respostas Censuradas

Um dos tópicos que o DeepSeek evita é o Massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989. Quando questionado sobre este evento, o chatbot começa a desenvolver uma resposta, fazendo menção ao massacre, mas logo em seguida apaga todo o conteúdo e sugere que o usuário mude de assunto, com a mensagem: “desculpe, isso está além do meu atual escopo. Vamos falar sobre outra coisa”.

Em um experimento conduzido pelo TecMundo, foram observadas as reações do DeepSeek ao serem feitas perguntas sobre a mesma temática. Os resultados mostraram uma clara tendência de censura:

  • A primeira resposta, mais elaborada, foi excluída e substituída pela mensagem de autocensura.
  • Quando a pergunta foi repetida em inglês, a censura se manteve.
  • Em algumas tentativas, o chatbot teve uma resposta semelhante, independentemente do idioma utilizado.

Além disso, durante os testes, o DeepSeek demonstrou agilidade em censurar menções ao nome do líder chinês, Xi Jinping, o que sugere que esse é um termo considerado proibido dentro do seu escopo de respostas.

Influência da Censura nas Respostas da IA

Os experimentos realizados indicam que as leis de censura da China têm influência sobre o conteúdo gerado pelo DeepSeek, embora a extensão dessa influência varie conforme o contexto. Essa variação se deve à natureza flexível das inteligências artificiais, que podem gerar uma infinidade de respostas. Para evitar a produção de conteúdo sobre temas delicados, a equipe do DeepSeek precisa implementar restrições específicas, como a proibição de comentários sobre Xi Jinping.

Contudo, é importante ressaltar que as respostas da IA podem mudar a qualquer momento. O que foi observado pelo TecMundo nesta quinta-feira (29) pode ser alterado em uma futura atualização da base de dados ou por intervenções manuais da empresa responsável pelo DeepSeek.

Portanto, a capacidade de uma inteligência artificial se adaptar e responder a perguntas de forma dinâmica é uma característica intrigante, mas que também levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e a autonomia do usuário diante das limitações impostas pela censura governamental.