Dois brasileiros, Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira, que estavam sendo mantidos reféns por uma rede de tráfico humano em Mianmar, conseguiram escapar após mais de três meses em cárcere privado. Eles estavam sendo obrigados a trabalhar em uma organização que realiza golpes online em diversas partes do mundo. A fuga foi noticiada pelo g1 na terça-feira, dia 11.
Os brasileiros conseguiram escapar no sábado, dia 8, acompanhados por um grupo de 371 imigrantes que se encontravam na mesma situação. Contudo, logo após a fuga, o grupo foi detido pelo Exército Democrático Karen Budista (DKBA), um dos principais grupos rebeldes da região.
Atualmente, todos os fugitivos estão em um centro de detenção do DKBA, onde aguardam a transferência para a Tailândia. A ONG The Exodus Road está colaborando no processo de resgate e participou das negociações envolvendo as autoridades tailandesas, as forças armadas de Mianmar e a máfia chinesa, que comanda a plataforma de golpes online.
A diretora da The Exodus Road, Cíntia Meirelles, informou que Luckas e Phelipe ainda precisam confirmar sua condição de reféns. A documentação necessária já está em andamento, e há expectativa de que eles sejam liberados em até 15 dias, quando serão encaminhados para a embaixada do Brasil na Tailândia.
Momentos antes da fuga, Phelipe conseguiu enviar uma mensagem ao pai por meio de um número desconhecido, aproveitando um momento de distração dos membros da máfia. Na mensagem, ele expressou sua esperança de que o plano de fuga fosse bem-sucedido e fez uma despedida emotiva caso algo desse errado:
“Eu só quero que tudo dê certo. Eu te amo, pai. Se acontecer algo comigo, saiba que eu tentei ao máximo.”Ele também conseguiu confirmar com a ONG que a tentativa de fuga estava prestes a acontecer.
É importante ressaltar que Luckas e Phelipe se tornaram reféns após responderem a anúncios de emprego fraudulentos na internet, que prometiam salários atrativos de mais de US$ 2 mil, equivalentes a aproximadamente R$ 11,5 mil na cotação atual. Esses anúncios eram divulgados por meio do aplicativo Telegram.
Ambos participaram de entrevistas com os supostos recrutadores, mas foram capturados pela quadrilha assim que chegaram ao local onde deveriam iniciar o trabalho, enfrentando ameaças de morte caso tentassem escapar.