Reino Unido exige acesso a dados criptografados do iPhone; saiba mais

Reino Unido exige acesso a dados criptografados do iPhone; saiba mais

Autoridades de segurança do governo do Reino Unido ordenaram à Apple que forneça acesso aos arquivos que qualquer usuário ao redor do mundo armazena no iCloud, o serviço de armazenamento em nuvem da empresa. A informação foi publicada pelo jornal Washington Post nesta sexta-feira, 7 de outubro.

A determinação do governo britânico requer que as autoridades tenham acesso total ao material criptografado que os usuários salvam na nuvem, ao invés de apenas receberem assistência para investigar uma conta específica. Essa exigência levanta preocupações sobre a privacidade dos dados dos usuários.

De acordo com o Washington Post, em decorrência dessa situação, é esperado que a Apple descontinue a oferta do serviço de criptografia para arquivos na nuvem exclusivamente para usuários do Reino Unido. Contudo, isso não resolveria completamente o problema, visto que outros clientes ao redor do mundo continuariam a ter acesso ao serviço de criptografia.

O Reino Unido pode exigir acesso a esses arquivos?

O Ministério do Interior britânico enviou à gigante da tecnologia um documento que ordena o acesso aos arquivos criptografados com base na Lei de Poderes Investigativos de 2016. Essa legislação, frequentemente chamada de “Carta dos Bisbilhoteiros”, autoriza a interceptação de comunicações, a interferência em dispositivos para a obtenção de dados e a retenção de informações dos usuários por parte dos provedores de serviços de comunicação, por um período de até um ano.

Além disso, é importante ressaltar que a divulgação de ordens governamentais com base nessa lei é considerada ilegal.

Até o momento, a Apple não se manifestou publicamente sobre o caso.

Conflito entre Apple e Reino Unido

A disputa entre a Apple e o Reino Unido se intensificou nos últimos meses. Em janeiro, a empresa foi acusada de abusar de sua posição dominante no mercado de aplicativos, especialmente em relação à comissão de 30% aplicada na App Store. O julgamento está em andamento no Tribunal de Apelação da Concorrência de Londres, onde os reclamantes buscam uma indenização de 1,5 bilhão de libras esterlinas.

Além disso, em novembro de 2024, a companhia foi processada por supostamente violar leis de concorrência e por forçar milhões de usuários britânicos a utilizarem o iCloud. Se a Apple perder esse processo, estima-se que cerca de 40 milhões de consumidores teriam direito a uma indenização média de 70 libras esterlinas, dependendo do tempo de assinatura do serviço.

“A privacidade dos usuários deve ser uma prioridade, e qualquer tentativa de acesso aos dados criptografados deve ser cuidadosamente avaliada.”

As implicações dessa ordem governamental podem ter repercussões significativas sobre a forma como as empresas de tecnologia lidam com a privacidade e a segurança dos dados de seus usuários.