A nova minissérie Dia Zero, estrelada pelo renomado ator Robert De Niro, chegou à plataforma de streaming Netflix e apresenta uma narrativa impactante sobre as consequências devastadoras de um ataque cibernético em larga escala. Na trama, sistemas essenciais da infraestrutura dos Estados Unidos são comprometidos, resultando em um caos generalizado que afeta até mesmo aqueles que não estão diretamente ligados à tecnologia.
No papel de George Mullen, um ex-presidente que assume a responsabilidade de liderar uma comissão investigativa, De Niro se vê em meio a uma luta para descobrir os responsáveis pelo colapso. Mas a pergunta que paira é: seria possível que um único ataque virtual causasse um impacto tão destrutivo na vida das pessoas, mesmo daquelas que não utilizam computadores ou redes sociais regularmente?
Fundamentação Realista
Ainda que a narrativa de Dia Zero seja uma obra de ficção, ela é sustentada por preocupações reais e plausíveis. Os criadores da série, Eric Newman e Noah Oppenheim, relatam que diversas autoridades norte-americanas veem a possibilidade de um ciberataque que provocaria um cenário tão traumático quanto os ataques de 11 de setembro de 2001.
Entre os colaboradores do roteiro está Michael S. Schmidt, um ex-repórter investigativo do The New York Times, que foi laureado com um prêmio Pulitzer. Em entrevista ao site Netflix Tudum, ele compartilhou que, em 2012, ouviu de oficiais do governo os temores sobre os danos que um ataque virtual poderia causar.
Vulnerabilidades de Dia Zero
O conceito central da série é baseado nas chamadas “vulnerabilidades de Dia Zero”, que surgem logo após o lançamento de um novo software ou dispositivo. Embora desenvolvedores e empresas estejam sempre em busca de corrigir essas falhas rapidamente com atualizações de segurança, muitas vezes, os criminosos cibernéticos conseguem explorar essas brechas antes mesmo de um patch ser disponibilizado.
Para garantir uma representação mais autêntica, Oppenheim, Schmidt e Newman contaram com a consultoria de especialistas como Clint Watts, um ex-agente do FBI com expertise em cibersegurança, e Eric Schultz, que atuou como consultor político durante a presidência de Barack Obama.
“Uma das partes mais importantes do show é que ele tinha que ser o mais realístico e crível possível”, afirmou Schmidt. “Sim, você precisa contar uma grande história, com elementos emocionantes, mas também é crucial que seja autêntica”, completou.Eventos Reais e Suas Implicações
Embora a trama de Dia Zero gire em torno de um ataque organizado por um grupo criminoso, episódios do mundo real já demonstraram nossa vulnerabilidade a um potencial “apagão cibernético”. Um exemplo disso ocorreu em 2024, quando cerca de 8,5 milhões de PCs que utilizavam o sistema operacional Windows foram afetados devido a uma falha em uma atualização do sistema CrowdStrike Falcon.
O antivírus, que opera a nível de kernel do sistema, prejudicou diversas empresas globalmente, ocasionando interrupções em atividades essenciais da infraestrutura. Apesar de não ter gerado consequências tão severas quanto as retratadas na série, esse evento é um claro indicativo de quão perto estamos de um cenário cataclísmico de segurança cibernética.